Nota de repúdio e incredulidade
A Torcida Independente, em seus 45 anos de história, teve mais um dia histórico, em plena quarta rodada do Brasileirão 2017.
Afirmamos com toda convicção da nossa tradição tricolor, que marcamos a cidade de SP em mais uma caravana para uma simples partida de 3 pontos, mas que reuniu 40 ônibus da nossa entidade e outros 6 da Dragões da Real.
Associados da Independente de todas regiões da grande São Paulo, mais interior, litoral, partiram conosco do centro da capital, rumo à Campinas.
Cidade que já havíamos sofrido retaliação de violência policial no Campeonato Brasileiro passado, na oportunidade, só conseguindo entrar no segundo tempo da partida no Moisés Lucarelli, com camisas retiradas, agressões covardes e humilhações.
Justamente por esse histórico recente, sequer solicitamos escolta. Mas avisamos com toda antecedência pública, em nossas redes sociais, que iríamos em grande número para o estádio da Ponte Preta.
Assim fizemos. Paramos o Centro, a Marginal Tietê, a rodovia dos Bandeirantes. Muitos torcedores já com ingressos na mão, Independentemente do site oficial da AAPP informar que haveriam ingressos na bilheteria, até o segundo tempo do jogo. Homens, mulheres, crianças, trabalhadores, estudantes, do rico ao pobre, do doutor ao humilde, todos movidos por viver o São Paulo.
Sentimento atacado pelas autoridades, mais uma vez. De forma deplorável, nossa torcida foi proibida de chegar no estádio, com alegações mentirosas que não teríamos ingressos (muitos torcedores nos ônibus já tinham comprado) e nem bilheterias vendendo (estavam à venda), disseram que não haveriam lugares na arquibancada para a torcida visitante (a TV mostrou claramente o contrário).
Então veio o pior. Obrigaram que os ônibus voltassem para São Paulo. Torcedores com ingresso ou sem. Uma caravana que havia começado fantástica se tornou dramática.
Mas a Torcida Independente acatou a ação ditatorial sem confronto. Temos mantido postura e filosofia de defender nossos ideais de existir pelo futebol, pela festa na arquibancada, pelo samba, pelo sangue independente. Não cairíamos em nenhuma provocação para nos transformarem de vítimas, em vilões.
Voltamos pacificamente e não pudemos apoiar o São Paulo. O nosso time perdeu, mas a sensação é de derrota do futebol brasileiro e da falência da lei. Onde está o direito garantido pela Constituição de ir e vir? Direito de frequentar eventos em praças desportivas com garantia de segurança?
Dessa vez, a torcida organizada é que foi vítima da truculência.
Tiraram a nossa liberdade de expressão, coisa de regimes de ditadura.
É apenas futebol, mas também são as nossas vidas.
Lamentamos também a diretoria do nosso time, que defendeu os milhares de torcedores que estavam na estrada, cansados, sofrendo, humilhados e com prejuízo financeiro e moral.
Nós não somos mais são-paulinos que outros, mas vivemos o São Paulo como ninguém.
Só queremos, portanto, reconhecimento por isso. E não a omissão.
Bateram na nossa honra tricolor, mas jamais nos derrubarão.
Jamais.
A Diretoria
NOTA OFICIAL DO SPFC
Parabéns achou palavra mais sensata ao ocorrido em campinas AUTORITARISMO
O São Paulo Futebol Clube, diante dos fatos ocorridos com nossos torcedores que se dirigiam a Campinas para prestigiar a equipe contra a Ponte Preta, lamenta profundamente o procedimento que os impediu de ter acesso ao jogo, obrigando a caravana de cerca de 40 ônibus a retornar à capital em meio à viagem sem que qualquer desrespeito ou outra medida transgressiva tenha ocorrido para justificar a proibição feita de forma tão drástica.
Embora sabedor dos cuidados que orientam o esquema policial, que respeita e aprova, entende o São Paulo FC que medidas extremadas, tomadas sem que tenha havido qualquer ameaça à ordem pública, configuram um excesso que transmite a ideia de autoritarismo, que não contribui para o alcance de um comportamento respeitoso e civilizado.
Acreditamos ser possível que, diante das perspectivas de entendimento, o futebol volte a reunir torcedores acima de tudo interessados em desfrutar do espetáculo, apenas torcendo para os seus times.
